sábado, 28 de maio de 2011

Direção de atores


O que posso dizer sobre o Filme “Mais um dia”? Foi um trabalho árduo, porém imensamente gratificante. Foi a primeira vez que trabalhei com a Diretora Nathália Machado e posso dizer que foi umas das melhores diretoras com quem tive a honra de trabalhar. Ela me deu total liberdade com os atores e juntos fizemos com que eles mergulhassem no Universo desses personagens tão complexos e distantes de suas vidas. Sobre a minha função de direção de elenco falarei um pouco dos métodos que utilizei para ajudar os atores a encontrarem o caminho de seus personages. Nos ensaios que precederam o filme, nas leituras do texto, buscamos o entendimento e as nuances de cada um dos elentos escritos, como: O porque? O como? O quando? O aonde? Conversei com a Diretora e roteirista Nathália Machado, para podermos entrar na parte psicológica de cada personagem: Para isso discutimos a vida deles; como e porque o pai havia virado alcóolatra e como isso acabou transformando-se em violência e abuso. O porque da mãe aceitar e viver nessas condições e supor os dias como se fosse MAIS UM DIA. E como isso influenciaria a vida dessa criança que teria que amadurecer mais cedo.

A partir desse momento começamos a buscar o que não estava lá no texto, o subtexto… Que foi fundamental para o trabalho dos atores. A angustia não dita transformou-se no pilar do filme, e o que era dito “saía” de forma natural. Fizemos exercícios psicofísicos, colocando cada ator naquela situação vivida pelos personagens, para depois colocar a personagem naquela situação. Com isso começamos a buscar o corpo de cada um. Como seria o andar desse homem? Como seriam os seus movimentos? Como ele bebe, como ele abre a porta? Essa mulher que trabalha em casa, como é a postura dela? Como ela lava a louça? Como ela trata o filho e como reage a presença do marido? E essa criança? Como ele vê o pai e a mãe? Como ele faz o trabalho de casa? Como ele se comporta? Como ele anda? Como ele reage durante as agressões do pai?

A parte mais importante deste processo foi no Set, onde pudemos colocar os atores na casa (situação física) dos personagens, ambientando-os com seus afazeres cotidianos. E foi lá que tive o prazer de ver os personagens criando vida, andando, falando, reagindo... Tive a ajuda brilhante da Atriz e bailarina Cris Alves, que me ajudou a limpar os movimentos e os gestos dos personagens, deixando os personagens mais naturais e com isso mais humanos. Sem a sua ajuda o trabalho não teria esse efeito que buscavamos e sem modéstia… Conseguimos!!!

Quero agrader aos atores e a atriz que me deram o prazer de desenvolver meu trabalho com tranquilidade e confiança: Roberto Assys, Ricky Nunes e Paula Frascari… Vocês arrebentaram. A equipe de arte que nos transportou para esse universo familiar tão comum e ao mesmo tempo tão complexo. A equipe de fotografia que além do tempo para ensaiarmos, jogou junto com os atores, havendo uma cumplicidade tão difícil entre ator e câmera.

A produção que apesar de todos os perrengues estava lá e cumpriu com soberania sua função. Sem vocês o filme não teria acontecido.

E principalmente a direção… Nathy, obrigado por deixar eu fazer meu trabalho com tanto prazer e liberdade. Estamos juntos .

O que mais posso falar…APROVEITEM e divirtam-se!!!!!

Por Rafael Fetter

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A experiência do negativo

Segue abaixo o texto a respeito da fotografia do filme, feito por Pedro Dias, que foi um dos diretores de fotografia do nosso filme. Sou muito feliz em saber que tivemos uma equipe unida no Mais um Dia, foi muito prazeroso trabalhar com pessoas que valorizavam o trabalho de cada um para que o filme fosse realizado com sucesso. Valeu a pena!!

Como materializar idéias que estão escritas? Essa é o grande dilema do Diretor de Fotografia. Como enquadrar? Qual janela usar? Qual lente usar? Quais projetores e refletores de luz usar? Movimentar ou não a câmera? Enfim... Muitas perguntas que só o completo envolvimento com o projeto podem ajudar a responder (definir).

Cada Diretor de Fotografia trabalha a sua maneira, alguns com seus vícios, outros com suas identidades visuais. A minha forma de trabalhar mistura um pouco de experiências que já tive, livros que já li, conselhos e relatos que já ouvi, ou seja, para o bom fotógrafo tudo é inspiração.

Em “Mais um Dia”, que foi realizado em 35 mm, as dúvidas certamente foram maiores. A começar do fato em que quando se roda em digital existe a possibilidade de fazer 5, 10 ou 50 takes de um plano, quando em película, isso é jogar não somente tempo, como também dinheiro e material de trabalho fora. Basicamente o filme “Mais um Dia” foi filmado em um para um (cada plano um take), exceto por planos com movimentação complexa, aonde filmamos em dois para um (cada plano dois takes). Apesar de parecer um ponto negativo, como tudo na vida, também teve um lado positivo: quando se sabe que haverá apenas uma chance de fazer tal plano, ele é pensado... e pensado... e pensado... até que se tenha certeza de que visualmente irá atender a necessidade dramática pretendida pelo filme.

O início

Uma boa forma de começar a planejar a fotografia de um filme é lendo uma ou duas vezes o roteiro. Dessa forma é possível entender a história e com mais atenção identificar os pontos de virada (que são momentos que pedem atenção redobrada). Tendo lido o roteiro, conversar com o diretor é uma excelente forma de reunir as primeiras informações que ele deseja que o filme contenha. Lembrando que o filme é uma interpretação do roteiro. Ou seja, o diretor tem uma, o fotógrafo tem outra, o produtor tem outra e assim por diante.

Quando se pede ao diretor que ele conte a história de forma descontraída, já é possível identificar diferença entre as suas interpretações e a dele e consequentemente, já cria uma base (dentro da opinião do diretor) para a realização de uma pesquisa de referências fotográficas, que podem ser buscadas em: Filmes, fotografias, pinturas, no cotidiano, ou seja, em tudo que pode ser visto. A pesquisa e o uso de referências fotográficas é de extrema importância, pois é uma exemplificação visual em um momento em que tudo ainda está apenas escrito.

Durante a pré-produção de um filme (curta ou longa-metragem) não é possível fazer uma coisa por vez sempre, pois o processo é dinâmico, portanto as vezes o diretor de fotografia irá esbarrar em algum fator externo que possa o atrasar. E nesse momento ele deverá estar trabalhado em outras coisas dentro do projeto (para assim não perder tempo e nem dinheiro).

A Decoupagem

Palavra que se origina do francês découpage, que por sua vez deriva do verbo découper, recortar. Esse processo define onde serão os cortes. Em “Mais um Dia” houve, em função da temática do filme, a opção por cortes que não tirassem o filme de sua forma naturalista. A decupagem não somente define o inicio e o fim do plano em termos de tempo, como também de espaço. Delimitando o que será enquadrado e como será enquadrado. Em ”Mais um Dia” houve a preocupação de trabalhar com menos cortes e em contra partida planos que enquadrassem a ação de maneira mais complexa, o que exigiu dos atores um trabalho maior, mas ao mesmo tempo deu ao espectador a possibilidade de prestigiar uma cena com maior carga emocional, levando em conta que após cortar uma ação é muito difícil para o ator retomá-la com a mesma carga dramática. A decupagem foi definida pela direção e ajustada pela fotografia.

Como referência para possibilidades de paleta de cores, iluminação e outros elementos fotográficos foram sugeridos filmes como: No rastro da bala, Moça com brinco de pérola, dentre outros. E dentro desses filmes foram explorados cada um dos elementos que eram desejados. Definindo a decupagem é possível listar quais equipamentos eram necessários para atender ao que desejávamos para o aspecto visual do filme. Câmera, lentes, janelas, refletores, projetores, filtros e consequantemente ao equipamentos que viabilizavam o uso desses anteriores, prolongas, extensões, praticaveis, 3 trabelas, panos pretos, rebatedores, dentre outros. Lembrando que tivemos como apoiador a AMAZÔNIA, que por sua vez entrou com muitos equipamentos e com a mão-de-obra de um cara super gente boa, o Teko. Esse ai além de maquinista com vários longas no bolso, é também um cara que dá sugestões excelentes e tem um olho cinematográfico! Viabilizou a colocação da câmera na posição que fosse necessária, lembrando que não estamos falando de uma camera digital leve, mas sim uma BL!

A Filmagem

É o momento crítico, é onde se faz valer a pena. O importante é na medida do possível seguir o planejamento. No nosso caso haviamos feito um "animatic", que é uma versão digital do filme, dessa forma já tínhamos uma idéia do formato do filme, E assim seguimos a decoupagem, lembrando que o filme foi feito em um para um no caso de 90% das cenas. Então como balancear entre a possibilidade de fazer um take e fazer dez takes? Pessoalmente eu acredito que o número repetido de takes cansa e automatize o ator, de forma que a partir do 5° take os seguintes fazem com que o ator perca cada vez mais a emoção da cena. Mas também fazer apenas um take é o cúmulo da adrenalina. Por isso, posso dizer que nosso filme contou com um excelente trabalho de direção de atores, que foi feito pelo Rafael Fetter auxiliado pela Cris Alves. De forma que os atores estavam ao mesmo tempo ensaiados porém não automatizados. É excelente ver que um elenco flui perfeitamente durante a cena, isso torna o trabalho de todos menos cansativo. A coisa tomou uma forma tão excelente, que quando o Ricardo (criança) errou UMA VEZ chegou a se sentir mal (como se todos os atores consagrados não errassem inúmeras vezes as mesmas cenas). Assim percebe-se a forma como os atores estavam preparados e entrosados, todos estão muito de parabéns!

No primeiro dia de filmagem tivemos problema com o chassis da câmera, mas com a ação das pessoas certas o problema foi resolvido “apenas” com a perda de material, o que fez com que o trabalho tivesse que ser feito de maneira mais econômica ainda. Além da câmera ser antiga, mecânica, checagem do gate de minute em minuto, ser barulhenta, com vídeo assist que servia apenas para ver um borrão e tudo mais, o mais importante pra mim foi o prazer de trabalhar na adrenalina, com os riscos possíveis, com as incertezas. Oportunidades que são raras! Portanto nunca reclamar do material que se tem e sim aprender a trabalhar com ele! Na equipe aprendi muito com todos, tanto em termos de técnicas como de truques. Foi muito bom trbalhar com uma diretora que sabia o que queria e com uma produtora que era rápida no gatilho e providenciou tudo acontecesse!

Pós

Enquanto não fomos a Labocine ver a revelação tive que esperar para saber o resultado do trabalho da equipe de foto, o que significa esperar… esperar…. E esperar sem o tempo passar, somente após ver o resultado pude relaxar.

O material foi montado pelos departamentos de direção e produção, após isso seguiu para marcação de luz, que é onde o trabalho do diretor de fotografia é finalizado. Nesse processo são feitas as correções de luz, tons, graduação das cores, coloração de máscaras e tudo mais. A marcação no filme foi feita na Labocine e a digital foi feita na Mega.

Por fim, acho que nada paga estar com pessoas que tanto trabalharam com você e que gostam de você no dia da exibição do material pronto. Acho que nesse momento todos se olham e no fundo pensam: Conseguimos! Ao menos eu pensei assim!

Por: Pedro Dias

Direção de Fotografia




sexta-feira, 13 de maio de 2011

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Quem fiscaliza o Ecad?


Concedi uma entrevista a jornalista Cecília Oliveira para uma série de matérias a serem feitas pelo Observatório de Favelas - RJ, a respeito dos Direitos Autorais, intitulada: "A gente não quer só comida" e gostaria de compartilhar pelo blog também, tamanha a relevancia do tema para a classe artística e por ter citado o Mais um Dia.

Cultura - 12/05/2011
Direitos Autorais
Por Cecília Oliveira

Em 1998 surgiram os primeiros players portáteis de MP3, usando memória flash. Neste mesmo ano foi sancionada a lei de direitos autorais, que claro, não levava em conta novas formas de mídias de comunicação. Hoje temos no mercado até MP10, com muito mais funções, mas a lei continua a mesma. Ela não acompanhou os avanços comunicacionais.

Reconhecendo o avanço do mercado, as novas formas de fazer cultura e de distribuí-la, o Ministério da Cultura começou a correr trás do prejuízo na gestão Gilberto Gil. O então ministro abriu mão de seus direitos autorais, adotou a licença Creative Commons no site do Minc e colocou a Lei de Direitos Autorais em consulta pública para que a sociedade civil opinasse acerca de sua mudança.

Contrariando expectativas, a Ministra da Cultura conduzida ao cargo em janeiro, Ana de Hollanda, causou estranheza ao declarar que a consulta pública acerca da Lei do Direito Autoral precisa ser revista. O novo ministério também tem sido alvo de constantes críticas que afirmam certa proximidade com o ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição).

“A Ministra apresenta valores opostos aos anteriores. Parece uma Ministra de oposição em governo de situação”, diz Túlio Vianna, professor de direito da Universidade Federal de Minas Gerais crítico da Lei. “A lei é muito antiga e precisa ser modernizada. Ela reflete o modo de pensar que materializa a obra, a trata como propriedade”, diz.

Na contramão
Você compra um CD e não pode tocá-lo em sua festa de aniversário, nem tampouco repassá-lo para seu player portátil. Pela atual Lei de Direitos Autorais isso é um crime, passível de multa e até em último caso, prisão.

De um lado esta inflexibilidade da lei e suas muitas restrições. Do outro, a realidade: bandas que gravam CDs e os dão de brinde a quem vai a seus shows, faixas de música e clipes para download gratuito, venda on line de álbuns, compartilhamento de dados, e-books. Nada disso é contemplado pela antiga lei que rege o acesso à cultura do país.

“Esta nova realidade não pode ser ignorada ou reprimida, colocando a internet como vilã, como se ela fosse atrapalhar a cultura. A lei é focada na venda, num modelo antiquado, com os dias contatos”, ressalta Vianna, que questiona o argumento mais usado por aqueles que defendem a atual política. “Quem ganha mais dinheiro são os muito ricos, artistas já consagrados. Os outros pagam para trabalhar, pra gravar seus discos. O artista ganha 3% do valor do disco. Nenhum músico vive disso. O que dá dinheiro hoje são os shows”, afirma.

Hoje não é raro que bandas iniciem carreira disponibilizando músicas gratuitamente na internet e escritores deixem seus livros pra download. Os mais renomados, como o Pearl Jam, por exemplo, faziam shows e disponibilizava suas músicas para o público baixar em questão de horas, já em 2005. Hoje a banda faz isso pelo microblog twitter. Rita Lee disponibilizou em seu site sua discografia, que ao todo conta com 32 álbuns. Entre os discos disponíveis para streaming há lançamentos raros como “Rita Lee em Bossa and Roll Ao Vivo”, que saiu em 1991 apenas em vinil e K7.

Questões em debate
Criminalização da cópia para uso pessoal, prazo de proteção das obras, limitações aos direitos do autor, tributação de produtos de cultura sem fins lucrativos, política do Ecad. Estes são alguns dos pontos da Lei de Direitos Autorais em torno dos quais mais há questionamentos.

Para a cineasta Nathália Machado, a atual lei é burocrática, ineficaz e inviabiliza alguns processos de produção de cultura. “É muito importante que exista uma fiscalização. Muitos artistas têm suas músicas tocadas em rádios e outros lugares, mas devido ao 'jabá' e os outros ‘jeitinhos’, os que recebem uma quantia alta, que na verdade deveria ser de muitos, são sempre os mesmos”, afirma. Nathália toca ainda numa questão importante: “Quem fiscaliza o Ecad?”. A pergunta é pertinente, uma vez que notícias acerca de fraudes no órgão têm aparecido com certa freqüência nos jornais. Tanto que o MinC admite necessidade de supervisionar o Ecad. Mas ainda assim evita falar em fiscalização.

Ao produzir um de seus filmes, "Mais um Dia" – patrocinado pela Faculdade onde estudou -, Nathália optou por usar trilha sonora própria. “Assim me englobo em outra categoria relacionada a direitos”, justifica. Nos demais filmes sem fins lucrativos que fez, ela preferiu produzir também a trilha sonora. “Se o idealizador não seguir as regras de reprodução a risca, ele inviabiliza seu trabalho. Pode ter problemas. Por isso prefiro fazer assim”, explica. A cineasta tem a sorte de ser casada com um sound designer. Quem não tem este privilégio, tem que arcar com custos mesmo que o produto que desenvolva não tenha fins comerciais. Mas isso pode mudar.

“As exibições musicais e audiovisuais sem intuito de lucro também estão permitidas pela proposta de lei apresentada, desde que, porém, estejam enquadradas numa série de hipóteses bastante restritas como, por exemplo, o uso em estabelecimentos de ensino. Melhor seria que as exibições sem fins lucrativos fossem sempre permitidas, pois não há sentido, por exemplo, em se cobrar pela exibição de um filme numa associação de bairro, já que lá ele cumprirá a mesma função educacional que em um estabelecimento de ensino formal. Da mesma forma, a exibição musical, ainda que em praça pública, quando sem fins lucrativos, atende a inequívoco fim cultural e, portanto, não deveria estar limitada pela cobrança de direitos autorais”, explica Túlio Vianna.

Consulta Pública
O MinC havia realizado uma consulta pública em julho de 2010 e recebeu, em dois meses, mais de 8 mil manifestações da sociedade. Nova Consulta Pública foi aberta em 25 de abril deste ano. Especialistas criticam o formato em que foi feito o processo, sem uma plataforma que permita o acesso as sugestões enviadas ao ministério, limitando a possibilidade de construção coletiva.

“A indústria cultural está unida em torno da manutenção de seus interesses econômicos. É preciso que a sociedade civil e os interessados em geral se organizem em torno de propostas que ampliem as possibilidades de usos não onerosos de obras intelectuais protegidas. Não se pode admitir que uma lei concebida para estimular a criatividade seja a grande responsável pela limitação da produção e da divulgação da cultura nacional. Há que se proteger, sim, os direitos dos autores, mas é preciso conciliá-los com o justo interesse da população em geral de copiar obras livremente para uso pessoal, quando o fizer sem fins lucrativos”, finaliza Vianna.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Paula Frascari comenta seu trabalho e personagem em MAIS UM DIA


É com muito prazer que publico este post.
A nossa querida atriz Paula Frascari, que viveu a Sônia em Mais um Dia deixa para todos os leitores e seguidores do blog seu depoimento sobre a construção da sua personagem no curta.
Não deixem de ler, assim como a Paulinha, seu texto é envolvente.

Muitas vezes eu mesma me perguntei se ser atriz, era necessário ter dom. Talvez o talento, não seja o principal, mas certamente a vontade de interpretar é o que importa. A carreira do ator é linda porém árdua. É um exercício que exige disciplina, estudo e perseverança. Nunca pensei que fosse chegar tão rápido a minha vez de interpretar um personagem tão sofrido. E quer um segredo? Pra mim, de todos os personagens que passaram nesses 7 anos de carreira, Sônia foi a melhor, porque foi a mais difícil.
Assim que recebi o roteiro do curta Mais um dia, me emocionei com a delicadeza que a diretora colocou no papél um drama, cujo muitos diretores não expõe dessa maneira tão sensível.
Sabia que ia ser um desafio interpretar SÔNIA. Passar toda aquela tristeza, angústia e dor não foi tarefa fácil, mas foi o primeiro trabalho que me deu essa bagagem emocional para quebrar a cabeça e construir. Exigiu muita concentração. Tive a ajuda do coach Rafael, que fez um laboratório comigo antes das filmagens. Foi com ele que entrei lá no fundo do poço de mim mesma, agradeço muito a ele por isso, por ter me provocado e feito uma espécie de lavagem cerebral, rs. Através disso consegui me afundar no drama psicologico que minha personagem enfrentava, exemplo, a dor de ser espancada pelo marido. Ele foi um psicólogo, torturador, e compartilhou todos os sentimentos de raiva acumulados. Uma diretora de cena, também estava lá alguns dias e me deu algumas dicas.
Durante as filmagens, optei por algumas manias que inventei para dar mais vida:
1- Dormi no set todos os dias para me ambientar de corpo e alma a Sônia.
2- Minha loucura chegou a tanta que não tirei o figurino por nada, apenas para tomar banho.
3- Preferi andar descalça para me sentir suja e humilhada.
4- Não deixava nem a maquiadora limpar os hematomas falsos que estavam pelo meu corpo.
5- Deixei a minha mão amarrada bem forte com a atadura na mão para realmente me dar a sensação de incomodo e dor, já que Sônia tinha também uma queimadura enfaixada.
6- Evitava fazer parte dos momentos de descontração para não perder o foco, já que Sônia vivia triste.
7- Fiquei muito grudada com o ator que fez meu filho (Ricardo Nunes), procurava sempre estar com ele, abraca-lo bastante, e dar muito carinho.
8- Antes de rodar, eu sentava no chão e chorava horas, como era película, não podia parar, então me concentrava mais ainda nos minutos antes do: "gravando"
9- Evitava ficar perto do ator que fazia meu marido (Roberto Assys), e sempre que ele se aproximava abaixava a cabeça. Não olhava ele nos olhos.
10- Pedi para o coach me dar algumas sacodidas quando estava já caída, porque ali seria o drama principal, aonde nem na maior humilhação eu ia conseguir ter forças para me levantar. E sempre quando acabava as cenas, ele vinha com um abraço caloroso e um silêncio que só nós dois entendíamos.
Gostaria de agradecer: a toda equipe por ter respeitado todas as minhas manias, e ter me recebido de forma tão amável, aos meus talentosos parceiros de cena, e a minha diretora querida por ter me escolhido e me dado um presente que guardarei para sempre.

Por: Paula Frascari

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Retrospectiva - Exibição Mais um Dia


Fazendo uma retrospectiva do caminho que o Mais um Dia já percorreu gostaria de compartilhar o cartaz que divulga a primeira exibição pública do nosso curta. Ocorreu no dia 02/03 no auditório do Tom Jobim, campus da Estácio na Barra.
Em breve anunciaremos os festivais na qual participaremos.

Torçam por nós!!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O silêncio


Quando estamos na fase de pré-produção de um filme fazemos muitos planos, mas por diversos motivos alguns deles são abandonados e substituídos por uma nova ideia, isso aconteceu no Mais um Dia algumas vezes, mas um ponto que considero marcante deste de o início e executamos foi em dar lugar ao silêncio no filme. Este silêncio somado a trama do filme carrega a tensão da estória.
Tirando os momentos em que Marcos (Roberto Assys) está em casa bêbado e gritando, um silêncio opressor ronda a casa, pois Sônia (Paula Frascari) é uma mulher oprimida e está acostumada a sofrer calada para tentar preservar seu filho, Felipe (Ricardo Nunes).

Fotografia e técnica formam uma equipe



Bem, esta não é uma foto de uma cena do filme, e sim de um ensaio, mas eu não podia de alguma forma deixar de mencionar o empenho de toda equipe para ter o nosso filme com um pouco da marca de cada um.
Dizem que a equipe de fotografia tem dificuldade de entender o tempo que cada um dos atores precisam para desempenhar bem o seus trabalhos... Nós, graças a Deus e ao empenho de todos conseguimos respeitar o tempo necessário para cada um dar o melhor de si.
O Rafael Fetter não aparece nesta foto, mas a sua atuação como diretor dos atores foi fundamental para este entrosamento entre fotografia e elenco.

Fotografia acima: Elisa Bravo

Felipe



Essa é a primeira imagem do nosso filme e representa muito o Mais um Dia.
Ter o Ricardo Nunes como Felipe foi um presente para toda equipe, além de um amor de garoto é profissional e muito talentoso. A montanha russa de sentimentos de Felipe podem ser notadas pelos olhos tao marcantes e expressivos que Ricardo tem e emprestou da melhor forma ao personagem.
Um beijo especial ao nosso ator mirim!!

Sônia e Marcos



Pensando numa forma de compartilhar com os amigos que me perguntam sempre sobre o que fala o Mais um Dia, resolvi exibir e comentar algumas fotos.
Bem, a primeira foi essa, ensaio de uma das cenas do filme, com a personagem Sônia e o Marcos (Paula Frascari e Roberto Assys). Casados, não no sentido significativo da palavra, mas simplesmente porque moram debaixo do mesmo teto, o casal vive uma crise por causa do alcoolismo que leva ao fundo do poço cada vez mais esta família.
Acredito ser perceptível, mas vale a pena comentar: a fragilidade e pavor que rodeiam a vida de Sônia, e a raiva que faz com que Marcos se torne cada vez mais covarde estão presentes durante todo o filme.

Ficha Técnica


EQUIPE - Roteiro e Direção:Nathalia Machado - Direção de Elenco: Rafael Fetter - Ass. Direção: Gustavo Bergantes/ Kleber Kapodanno;

Direção de Produção: Mayra Munno - Ass Produção: Willian Fernades, Ednaldo Jorge e Márcia ;

Fotografia: Pedro Dias/ Thales Zanini/ Lazaro Domingos/ Ivan Lee;

Direção de Arte: Carol Nigro - Figurino: Alessandra Mello - Arte Gráfica: Davi Rezende;

Som Direto: Daniel Nunes Carl André e Paulo Milagnez - Trilha sonora original: Rodrigo Machado e Raphael Werneck - Edição de som: Daniel Nunes;

Continuidade: Mayra Munno;

Making Of: Lilian Motta e Marcelo Destri;

Colaboradores: Cilana Cris Alves e Teko;

Elenco: Roberto Assis, Paula Frascari e Ricardo Nunes

Montagem: Lázaro Domingos

Para conhecer de que forma foram surgindo as parcerias entre os profissionais que apoiaram o Mais um Dia, clique aqui.